Adolescente - CPAD
Os cristãos e a prática da misericórdia
EBD – Adolescentes – EDIÇÃO: 204 – 4º Trimestre – Ano: 2024 – Editora: CPAD
LIÇÃO – 09 – 01 de dezembro de 2024
TEXTO BÍBLICO
Isaías 58.5-12
DESTAQUE
“E aprendam a fazer o que é bom. Tratem os outros com justiça; socorram os que são explorados, defendam os direitos dos órfãos e protejam as viúvas.” Isaías 1.17
LEITURA DEVOCIONAL
Segunda-feira – Is 10.1,2
Terça-feira – Jr 22.3
Quarta-feira – Am 5.24
Quinta-feira – Zc 7.9
Sexta-feira – Mt 5.6
Sábado – Tg 5.1-6
I. O PRINCÍPIO DA MISERICÓRDIA E DA JUSTIÇA NO ANTIGO TESTAMENTO
Duas características de Deus são a justiça e a misericórdia (Dt 32.4; Sl 116.5). Talvez, por isso, esses temas sejam tão recorrentes em sua Palavra. Quando Deus formou o povo de Israel, entregou-lhe Sua Lei, por meio de Moisés. A Lei do Senhor trazia estatutos e princípios para que o povo de Israel se comportasse como povo de Deus (Dt 4.44,45). Um dos temas presentes nesta Lei é a justiça social, que se manifesta em atos de misericórdia.
Assim, a Lei exigia que o povo de Israel tivesse cuidado com as pessoas que estivessem em situação de vulnerabilidade, tais como órfãos, viúvas, servos e estrangeiros (Êx 23.9; Lv 19.33,34; Dt 10.17-19, 24.17, 27.19). Ela também exigia que os juízes julgassem as causas corretamente, sem favorecer as pessoas injustas (Lv 19.35,36; Dt 25.1). A Lei do Senhor também valorizava o cuidado com os necessitados (Lv 23.22). Segundo a Escritura, tudo isso é importante para Deus. O tema da justiça social também aparece na mensagem dos profetas. Eles denunciaram os governantes e o povo de Israel por praticarem a injustiça (Jr 7.3-11).
Os profetas diziam ao povo que até as orações, os sacrifícios, os jejuns e os cultos não estavam sendo aceitos por Deus, porque ele negligenciava o mandamento de cuidar dos necessitados (Am 5.21-24). No texto base da lição, lemos uma mensagem profética dirigida ao povo de Judá, entregue por meio de Isaías (Is 58.5-12). Nela, vemos que o Senhor confronta o seu povo. Os judeus estavam buscando ao Senhor com orações e jejuns nos dias de festas, mas negligenciavam os seus mandamentos no dia a dia.
Por isso, Deus declara que sua vontade não é apenas ver seu povo jejuando. Antes, Ele quer que a justiça seja promovida (Is 58.6), que a comida seja repartida, que os necessitados sejam socorridos (Is 58.7). O profeta Miquéias também aponta para a questão: “O Senhor já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós.
O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus” (Mq 6.8). Podemos perceber que o zelo ela assistência social é princípio bíblico que está intimamente ligado com o andamento que estudamos na lição anterior: o amor ao próximo.
II. O PRINCÍPIO DA MISERICÓRDIA E DA JUSTIÇA NO NOVO TESTAMENTO
Esse tema também é muito recorrente nos textos do Novo Testamento. Ele já aparece no Sermão da Montanha, um dos discursos mais famosos do Senhor Jesus: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Mt 5.6,7-ARC)
O assunto é tratado de forma mais evidente no sermão profético feito por Jesus e registrado no Evangelho de Mateus. Jesus afirma que no futuro, quando o Filho do Homem vier como Rei, Ele separará suas verdadeiras ovelhas e elas receberão a herança celestial (Mt 25.31-34), Nesse sermão, o Mestre destaca as características do comportamento dessas ovelhas: elas oferecem comida a quem tem fome, água a quem tem sede, hospitalidade a quem é estrangeiro, vestes a quem está sem roupa e visita aos que estão encarcerados (Mt 25.35,36). Jesus concluiu o sermão dizendo: “- Aí o Rei responderá: ‘Eu afirmo a vocês que isto é verdade quando vocês fizeram isso ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram” (Mt 25.40).
Ainda nos Evangelhos, podemos perceber que os fariseus tentavam encontrar falhas e injustiças no Senhor Jesus para o acusarem (Mt 19.3. Jo 8.6) Entretanto, isso não era possível Jesus foi correto e justo em todos as suas palavras e ações (Mt 26,59,60). Certa vez, os fariseus tentaram armar uma cilada para Jesus cometer uma injustiça, trazendo uma mulher adultera para Ele condenar (Jo 8.3-6), Parem Jesus mostrou que sua justiça excedia o deles e fez um julgamento justo e misericordioso (Jo 8.7-11).
Jesus também declarou que não veio destruir a Lei do Senhor, entregue ao povo de Israel por meio da liderança de Moisés. Antes, Ele veio cumpri-la (Mt 5.17). Além disso, os Evangelhos mostram que Jesus levou sua mensagem para os mais desprezados da sociedade (Lc 15.1). Assim, podemos perceber que Ele reafirmou os princípios divinos presentes na Lei e cumpriu sua missão pregando o Evangelho (Lc 4.16-21).
A Bíblia mostra um grande exemplo desse princípio vivido pela Igreja Primitiva. Em Jerusalém, os irmãos em Cristo, vendiam as suas propriedades e dividiam o dinheiro com todos, de acordo com a necessidade de cada um (At 2.44,45). Os irmãos em Cristo se reuniam para orar, aprender com os Apóstolos e para partilhar o pão (At 2.42,46). A Igreja Primitiva praticava o amor cristão (At 2.42). Esse relato mostra os efeitos causados nas pessoas quando a pregação do Evangelho é acompanhada de movimentos orgânicos que buscam o bem comum e o cuidado com todos (At 2.47).
Ainda no livro de Atos, vemos que a Igreja Primitiva se organizou para atender as questões sociais de forma séria e justa (At 6.1-5). Esse exemplo deve ser um parâmetro para o nosso tempo, apontando para a importância da prática da misericórdia, tanto na família, quanto na igreja e na sociedade. A questão da justiça social também aparece nas Cartas do Novo Testamento.
Tiago afirma: “Para Deus, o Pai, a religião pura e verdadeira é esta: ajudar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e não se manchar com as coisas más deste mundo” (Tg 1.27). Ele também escreve para os ricos, condenando-os por não pagarem o salário dos trabalhadores que produziam em suas terras (Tg 5.1,4).
Paulo também tratou desse tema. Ele instruiu a Timóteo para proteger as viúvas (1 Tm 5.3,16); e, em outra ocasião, recolheu uma oferta entre as igrejas, para levar aos irmãos que estavam em necessidade (Rm 15.26).
III. A PRIORIDADE É A PREGAÇÃO DO EVANGELHO
Sabemos que a missão da Igreja do Senhor Jesus é anunciar o Evangelho, ensinar as Escrituras e formar discípulos fiéis a Cristo (Mt 28.19,20; Mc 16.15). Entretanto, a Bíblia também ensina que a fé em Cristo deve ser acompanhada por obras (Tg 2.14-18).
Como podemos aplicar esses ensinamentos bíblicos à nossa realidade, considerando a importância que a Bíblia dá ao tema?
Faz parte da nossa atuação como Igreja perceber a necessidade do próximo. Enquanto Igreja, devemos tomar parte da dor dos nossos semelhantes. As pessoas terão maior clareza da nossa pregação quando ela for acompanhada dos nossos exemplos práticos de amor e misericórdia.
Devemos promover o cuidado com o outro com nossas orações, recursos e mãos estendidas. A Bíblia diz: “Portanto, sempre que pudermos, devemos fazer o bem a todos, especialmente aos que fazem parte da nossa família na fé” (GL 6.10).
CONCLUSÃO
A Igreja é a luz do mundo. Nossa presença precisa comunicar o Evangelho do Senhor Jesus e trazer esperança, nestes tempos difíceis. Empenhar-se nesse processo de cuidado e atenção às dores de nossos irmãos e de pessoas da sociedade é uma boa forma de apresentar o amor de Cristo. A misericórdia é a prática da nossa pregação. Que esse amor, que pregamos e cantamos seja mais do que um belo discurso; que seja um movimento de entrega pessoal.com tudo que temos e somos.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Editora CPAD