E.B.D
O cuidado com o vento de doutrina
EBD – Jovens – EDIÇÃO: 166 – 1º Trimestre – Ano: 2024 – Editora: CPAD
LIÇÃO – 10 – 10 de março de 2024
TEXTO PRINCIPAL
Jesus respondeu e disse-lhes: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se falo de mim mesmo. (Jo 7.16,17)
LEITURA SEMANAL
Segunda-feira – II Tm 3.1,2
Tempos trabalhosos
Terça-feira – I Pe 5.6-8
Humildade e vigilância
Quarta-feira – Jo 16.33
Bom ânimo para vencer o mundo
Quinta-feira – Ef 6.10-13
A armadura de Deus
Sexta-feira – Mt 22.34-40
O amor a Deus e à sua Palavra é proteção contra o engano doutrinário
Sábado – Sl 119.97-99
O amor à Palavra de Deus torna o homem mais sábio
TEXTO BÍBLICO
Efésios 4
11 E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores.
12 Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo.
13 Até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.
14 Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente.
15 Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo.
16 Do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo ajusta operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor.
INTRODUÇÃO
Estamos estudando a respeito da preciosidade da doutrina bíblica e advertindo sobre os perigos das falsas doutrinas que conduzem as pessoas ao erro e às práticas pecaminosas. Na lição deste domingo, veremos uma análise a respeito do que a Bíblia chama de “vento de doutrina”, a fim de que este seja identificado, resistido e vencido. Vamos também ver como podemos identificar as atuais falsas doutrinas e como o crente pode e deve resistir aos seus ataques, mantendo assim o amor a Deus e à sua Palavra acima de todas as coisas.
I – TENDÊNCIAS ATUAIS DAS FALSAS DOUTRINAS
1- Tempos pós-modernos. O crente não conseguirá manter uma fé genuína em Deus se ele não conhecer as tendências e os desafios de seu próprio tempo. Nesse caso, que tempos são os atuais? Quais as principais marcas da atualidade? A Bíblia faz sérios alertas sobre o perigo que cerca o crente no que se refere ao “presente século” (II Co 4.4; II Tm 4,10; Tt 2.12). Para que não se renda aos apelos mundanos e carnais de seu tempo, o crente precisa ser capaz de identificar os seus males, a fim de enfrentá-los e vencê-los. O tempo atual tem sido chamado de “pós-moderno”, cujo sentido pode ser resumido como o movimento da cultura que rejeita os valores da modernidade e vê com desconfiança os princípios racionais e universais. Na prática, o mundo pós-moderno desvaloriza a lógica e o sentido das coisas, dando ênfase ao que foge à regra.
2- Tempos de desconstruções. A pós-modernidade foi disseminada, principalmente, pelo pensamento de alguns teóricos que representam a ideia deste tempo, que busca afrontar a fé cristã. A ideia destes teóricos é a de que o conhecimento herdado, seja religioso ou familiar não pode ser considerado uma verdade absoluta, pois é fruto da mente humana, apenas. Para alguns teóricos da pós-modernidade as palavras, conhecimento e poder estão relacionadas de forma que o discurso não tem a intenção somente de comunicar, mas de estabelecer domínio e poder. Eles também propagam a desconstrução das bases pré-estabelecidas pois para tais pensadores, são apenas criações humanas. A desconstrução do conhecimento herdado, da palavra falada e da palavra escrita representa a destruição da tradição, do ensinamento e da Palavra de Deus, pilares do Cristianismo. Sendo assim, o vento atual é o da desconstrução em torno da fé na Palavra de Deus.
3- Espiritualidade sem vida. A mentalidade pós-moderna traz consigo aquilo que tem de mais nocivo à fé cristã na atualidade, pois ela defende o fim do padrão, principalmente o bíblico. Logo, a verdade é particularizada, a autoridade é desrespeitada, a moralidade é circunstancial e os relacionamentos são “descartáveis”. A espiritualidade sem compromisso com a igreja local é um fenômeno pós- -moderno que está no âmago da maioria dos desvios doutrinários da atualidade. Os seus adeptos não minimizam a importância da espiritualidade; entretanto, desvinculam-na de qualquer compromisso com uma denominação, e até mesmo com uma liderança espiritual, afinal de contas, o que importa é o sentir-se bem e viver conforme os próprios padrões. Na espiritualidade pós-moderna é possível ter “experiências sobrenaturais” sem compromisso com a verdade da Palavra de Deus, mesmo porque, ela é a espiritualidade do sentir e não do viver.
II – A RESISTÊNCIA DO CRENTE
1- O mundo a ser resistido. O crente é desafiado a vencer a tentação (I Co 10.13), o Diabo (Tg 4.7) e o mundo (I Jo 5.4). Antes de identificar as características do mundo e qual o meio eficaz de vencê-lo, é preciso compreender o que o apóstolo João quer dizer com o termo “mundo”. A palavra “mundo” na Bíblia tem algumas variações, mas aqui ela vem do grego hosmos, que literalmente quer dizer “algo ordenado”, e que aqui assume também uma relação com “sistema ordenado”, ou ainda, “sistema mundano”. Esse sistema representa muito bem o “espírito do anticristo”, cuja principal marca é a de ser “contra tudo o que se chama de Deus” (II Ts 2.4), ou seja, este mundo é inimigo de Deus, de seu povo e de sua Palavra. Portanto, este é o mundo a ser resistido pelo crente fiel.
2- Um mundo sem fundamentos. Qual a característica do mundo atual? De que forma a fé cristã é testada e desafiada atualmente? A respeito deste tempo, o sociólogo e filósofo Zygmunt Bauman caracterizou a Pós-Modernidade como “sociedade líquida”, cuja marca principal é a fluidez, isto é, a não solidez das relações em seus mais variados aspectos, resultando assim na falta de comprometimento e relacionamentos sem profundidade e descartáveis. Nesse contexto de instabilidade e ausência de fundamentos sólidos, a doutrina cristã é colocada à prova o tempo todo, aliás, isso foi previsto pelo apóstolo Paulo ao falar de um período por ele chamado de “tempos trabalhosos” (II Tm 3.1). O justo diante do deslocar dos fundamentos estruturais da vida, remonta os tempos bíblicos (Sl 11.3; Hc 1.4). Portanto, assim como os salmistas e o profeta Habacuque foram desafiados, os crentes da atualidade o são e devem manter firme a sua fé, mesmo em um mundo sem fundamentos sólidos.
3- A vitória que vence o mundo. O apóstolo João afirma que “a vitória que vence o mundo” é “a nossa fé” (I Jo 5.4). Mas, afinal, que é esta fé capaz de vencer o mundo? Qual o seu significado e como o crente deve utilizar-se dela na tarefa de resistir ao mundo atual, junto de seus ventos de doutrinas? Em primeiro lugar, não se trata de qualquer fé. Não é uma fé subjetiva, pois o apóstolo é objetivo em dizer “a nossa fé”, que remonta ao texto de Judas que, incentivando os seus leitores, disse que eles deveriam “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (v. 3). O Senhor Jesus é o autor desta fé (Hb 12.2) e ela é dada por Deus aos crentes (Ef 2.8), Em segundo lugar, esta fé oferece condições ao crente para que resista aos constantes ataques de seu adversário. Paulo compara a fé a um escudo, com evidência clara de que ela cumpre um papel de defesa aos ataques do Diabo (Ef 6.16). O escritor aos Hebreus afirma que a fé oferece firmeza e garantia ao crente em todo o tempo e em todas as circunstâncias. Após o salmista perguntar sobre a condição dos justos enquanto vê os fundamentos da Terra serem abalados, ele declara a soberania de Deus e o seu controle sobre tudo o que ocorre na terra (Sl 11.4). Sendo assim, a fé é a arma adequada para o crente resistir aos ventos atuais da doutrina, mantendo-se firme sobre a Rocha que é Jesus Cristo.
III – AME O SENHOR, AME A SUA PALAVRA
1- Criados para amar. Dentre as virtudes apresentadas na Palavra de Deus, o amor é a mais nobre e sublime. Entretanto, a Bíblia ensina que o amor deve ser empregado na direção correta, caso contrário, os seus efeitos serão desastrosos, como o “amor ao dinheiro” que traz consigo males e dores (I Tm 6.10) ou quando o homem é “amante de si mesmo” (II Tm 3.2). A expressão “afeição” é usada para demonstrar a pureza e a força do amor, pois indica a forte inclinação para algo, capaz de levar uma pessoa a abrir mão de sua própria vida em favor do outro (I Ts 2.8). O amor é condutor das boas ações humanas, ele determina a direção a ser trilhada. O homem foi criado para amar a Deus, entretanto, o pecado desvirtuou esse propósito, levando-o a desviar-se do seu amor. Em Cristo, o homem tem todas as condições para amar e redirecionar o seu amor a Deus (Rm 14 8).
2- Ame ao Senhor. O texto de Deuteronômio 6.5 serve como referência quanto à forma adequada do ser humano se relacionar com o Criador. O próprio Senhor Jesus reverberou esta ordem (Lc 10.27). Em todo o Novo Testamento há incentivo ao amor a Deus e a Cristo, sob graciosas promessas (Rm 8.28; I Co 2.9; 8.3; Ef 6.24). O salmista afirmou que os que amam a Deus têm a garantia de sua eficaz proteção, fazendo-o triunfantes nas mais diversas batalhas. Portanto, o amor a Deus é também uma forma de resistência aos ataques das tendências atuais das falsas doutrinas, pois o crente que ama ao Senhor lutará – intencionalmente – por agradá-lo, inclusive, rejeitando todo o tipo de desvio da verdade de sua Palavra.
3- Ame a sua Palavra. Além do amor a Deus, o amor à sua Palavra é também um recurso poderoso no processo de enfrentar, resistir e vencer as tendências atuais das falsas doutrinas. O salmista declarou o seu amor pela Palavra de Deus (Sl 119.97) e, conforme o seu próprio testemunho, os resultados desse seu compromisso com a verdade são: meditar na Palavra de Deus “em todo o dia” (v. 97), desviar os seus pés “de todo caminho mau” (v.101) e aprender a aborrecer e a rejeitar “todo falso caminho” (v. 104). A partir das palavras do salmista é possível perceber que, além de outras garantias, o amor pela Palavra de Deus possibilita a identificação dos falsos caminhos, evitando o erro, a fim de agradar a Deus que deve ser amado acima de todas as coisas.
CONCLUSÃO
O Diabo não desistiu de disseminar desvios doutrinários no meio da igreja, com o intuito de promover o seu enfraquecimento espiritual. Percebe-se também que as suas formas são atualizadas conforme o tempo, o que impõe à igreja o desafio de identificaras tendências atuais das falsas doutrinas. Essa lição apontou que, atualmente, a pós-modernidade representa a essência desses desvios e que somente por meio da fé genuína é que o crente resistirá aos ataques deste tempo. A igreja deve fortalecer-se na fé, renovar o seu amor para com Deus e a sua Palavra.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Editora CPAD