E.B.D
O encontro em Jerusalém e os falsos irmãos
EBD – Jovens – EDIÇÃO: 238 – 3º Trimestre – Ano: 2025 – Editora: CPAD
LIÇÃO – 04 – 27 de julho de 2025
TEXTO PRINCIPAL
“Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios.” (Gl 2.8).
LEITURA SEMANAL
Segunda-feira — Gl 2.9
Paulo e Barnabé
Terça-feira — Gl 2.3
Tito era grego e não foi circuncidado
Quarta-feira — I Co 10.32
Judeus, gregos e a Igreja de Deus
Quinta-feira — Gl 2.10
Os gentios e os pobres
Sexta-feira — Gl 2.8
O Evangelho alcança culturas diferentes
Sábado — Gl 2.4
Falsos irmãos entre os verdadeiros
TEXTO BÍBLICO
Gálatas 2
1 – Depois, passados catorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo Tito.
2 – E subi por uma revelação e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios e particularmente aos que estavam em estima, para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse corrido em vão.
3 – Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se.
4 — E isso por causa dos falsos irmãos que se tinham entremetido e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão;
5 — aos quais, nem ainda por uma hora, cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.
6 — E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram;
7 — antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão
8 — (porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios),
9 — e conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que se me havia dado, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios e eles, à circuncisão;
10 — recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos a continuidade da resposta de Paulo às críticas que fizeram sobre a veracidade e autenticidade do seu apostolado. Os judaizantes que estavam trazendo outro evangelho aos crentes da Galácia questionaram se Paulo era realmente um apóstolo. Desta vez, ele fala sobre um encontro que teve com os líderes da igreja de Jerusalém, mostrando que, mesmo não tendo andado com os doze apóstolos de Jesus, era um apóstolo comissionado pelo Senhor Jesus tanto quanto os demais, e que o seu ministério e a sua mensagem haviam sido reconhecidos em Jerusalém.
I. PAULO DEFENDE SEU MINISTÉRIO
1. Voltando a Jerusalém. Na busca por esclarecer ainda mais a sua história apostólica, Paulo dá continuidade na Carta aos eventos que se seguiram em seu ministério. Por certo, os seus acusadores não tinham uma história como a dele, que fora perseguidor dos seguidores de Jesus, mas foi alcançado pelo Senhor de uma forma tão especial que foi transformado em um novo homem.
Essa defesa era necessária, pois os judaizantes divulgaram questionamentos a respeito da sua autoridade apostólica. Nada melhor do que fazer uma defesa em ordem cronológica, pois argumentos desconexos se perdem na fala. Os 14 anos mencionados por Paulo podem ser uma referência ao seu encontro com Pedro e Tiago, mencionado em Gálatas 1.18,19. O apóstolo fez questão de mostrar esses dados para que as acusações contra ele não prosperassem. Paulo não tinha nada a esconder.
2. Barnabé e Paulo. Paulo menciona a presença de Barnabé consigo indo a Jerusalém. O “filho da consolação” teria uma participação muito ativa no ministério aos gentios, pois foi ele que acreditou no potencial de Paulo, quando este havia se convertido e não foi aceito imediatamente pela igreja de Jerusalém por força do seu histórico de perseguidor (At 9.26,27). A fama de Paulo assustava muitos dos irmãos hebreus, e até que ele pudesse mostrar o que Jesus havia feito em sua vida, um certo tempo se passou.
Basta dizer que quando se converteu, Paulo ficou tão motivado pelo seu encontro com Jesus e com a cura que recebeu do Senhor, que foi pregar a respeito dEle nas sinagogas em Damasco e depois em Jerusalém, até que os gregos procuraram matá-lo. A igreja precisou mandá-lo com passagem só de ida a Tarso. Tempos depois, quando o Evangelho chegou à Antioquia, e Barnabé foi comissionado a ver como Deus estava operando naquela localidade, e vendo a graça de Deus naquele lugar (At 11.23), convidou Paulo depois para auxiliá-lo (At 11.25). Barnabé foi o precursor que abriu as portas para que Paulo pudesse ter o reconhecimento ministerial necessário. Ele sabia que era uma honra poder apoiar novos obreiros e despertar talentos na obra do Senhor.
3. Agindo por meio de uma revelação. A descrição paulina sobre a sua ida a Jerusalém começa com a ação do Espírito. Ele subiu para Jerusalém por força de uma revelação. Deus é soberano não somente para nos oferecer a sua graça para a salvação, mas também para operar entre nós obras pelo Espírito Santo. Ele decidiu enviar Paulo a Jerusalém, e essa decisão foi comunicada por meio de uma revelação, não por um desejo pessoal do apóstolo ou por um convite da igreja de Jerusalém.
É notório que em muitos ambientes cristãos, os meios pelos quais Deus revela a sua vontade são negligenciados, tidos por ultrapassados ou negados. Em nenhum texto das Escrituras há uma indicação de que Deus deixou de revelar coisas importantes aos seus servos por meio do seu Santo Espírito. Cremos que uma vez que já temos as Escrituras como nossa regra de fé e prática, quaisquer orientações divinas precisam estar sujeitas ao que já está escrito na Palavra de Deus. Entretanto, o Senhor é capaz de nos trazer orientações conforme a sua soberania e pelos meios que estiverem descritos nas Escrituras.
II. OS FALSOS IRMÃOS
1. Tito, um obreiro grego. A equipe de Paulo era multicultural. Barnabé e Paulo eram judeus, mas Tito e Lucas eram gentios. É certo que essa formação missionária dava um respaldo mais acentuado à pregação aos gentios, pois havia gentios no grupo missionário de Paulo e Barnabé. Nesta Carta, o apóstolo faz menção do nome de Tito por força da situação que vai descrever. Ao chegarem em Jerusalém, Tito foi recebido junto com Paulo e Barnabé. Aquela equipe evangelística despertou, sem dúvida, a curiosidade dos judaizantes. Até o momento, não há registro de um obreiro grego indo a Jerusalém como participante de uma equipe missionária liderada por judeus. Tito era uma novidade. E os judaizantes ficaram de olho nele.
2. Os falsos irmãos. Paulo cita que em Jerusalém eles foram observados por pessoas consideradas “falsos irmãos” que eles estavam entre os crentes em Jerusalém. Pessoas que tinham acesso aos apóstolos, conheciam a Lei de Moisés, mas não colaboravam com o Evangelho. Os falsos irmãos estavam ali para impor aos visitantes a obrigatoriedade de todos seguirem a Lei como um requisito para a salvação. Aparentemente não falaram nada, mas Paulo percebeu e registrou aos gálatas aquela tentativa de intromissão.
Aqui aprendemos duas lições: a) Nem todos os que estão entre nós são verdadeiros irmãos. Há joio sendo colocado junto com o trigo, e precisamos estar atentos aos que tem aparência de crente, mas se portam como se não o fossem; b) Ele resistiu a essas pessoas, não se sujeitando, em nenhum momento, às investidas. Paulo poderia fazer a política da boa vizinhança para que Tito fosse aprovado, mas isso seria um retrocesso. Os falsos irmãos não queriam fazer a obra de Deus, mas sim colocar a equipe missionária em servidão (Gl 2.4). É provável que aqueles falsos irmãos tivessem tentado ver se Tito havia sido circuncidado, para depois ser aceito como um membro da comissão de apóstolos enviados aos gentios. O que os falsos irmãos desejavam era constranger Paulo, sua equipe e sua mensagem aos ditames judaicos.
3. Não cedemos. Paulo mostra aos gálatas que, mesmo estando em Jerusalém, diante do colégio apostólico, ele permaneceu firme na perspectiva que distanciava a prática dos gentios e dos judeus. Isso não se deu por rebeldia, ou por considerar que os apóstolos em Jerusalém estavam aquém da mensagem que ele havia recebido da parte do Senhor Jesus. Paulo não era um obreiro rebelde ou desejoso de arrumar debates e confusão. Ele se posicionou dessa forma “para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós” (Gl 2.5).
Tito, o obreiro grego, não precisou ser circuncidado. Ele fazia parte da equipe de Paulo pela graça de Deus, e se a circuncisão fosse necessária para que Tito fosse salvo, por que ele não havia sido circuncidado? Paulo chama os gálatas para pensarem a esse respeito. Se eles precisassem ser circuncidados e seguirem a Lei para serem salvos, como diziam os judaizantes, então Tito era uma contradição, pois ele ocupava um lugar de importância e não seguia nem cumpria a Lei de Moisés. Mas Paulo mostra que o fato de Tito não ter passado por aquela cirurgia destinada aos bebês judeus era uma prova de que a mensagem confiada ao apóstolo era válida para todos os gentios: a circuncisão não era necessária aos não judeus. Se Tito passasse pela circuncisão, a mensagem dos judaizantes teria prevalecido. Mas o plano dos falsos irmãos fracassou.
III. O EVANGELHO DA INCIRCUNCISÃO
1. Reconhecido entre os apóstolos. Paulo descreve que teve o seu trabalho e chamada reconhecidos entre os apóstolos de Jerusalém. Diferente do que os seus acusadores andaram falando, de que ele não era apóstolo ou que ninguém o conhecia em Jerusalém, Paulo diz que “deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios e eles, à circuncisão” (Gl 2.9). Os apóstolos tiveram Barnabé e Paulo em alta conta, e foram além do reconhecimento, eles chancelaram a missão aos gentios. Paulo fala que os hebreus “nada me comunicaram”, uma observação do apóstolo acerca da sua mensagem, ou seja, não acrescentaram nada ou nenhuma regra a mais à mensagem de Paulo aos gentios.
2. A recomendação dos apóstolos. Para cada comissionamento há uma ou mais responsabilidades. Os apóstolos de Jerusalém pediram que a missão aos gentios não se esquecesse dos pobres. Em uma sociedade onde a pobreza era bastante comum, e a sobrevivência de certos grupos, como viúvas e órfãos, dependia muito da família ou da caridade alheia, os cristãos se tornaram conhecidos pelo altruísmo e pela generosidade. Em Gálatas 6.10, seguindo a orientação dos irmãos de Jerusalém, ele escreve que “enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6.10).
3. Dois públicos e uma mesma mensagem. Nem todas as pessoas que são alcançadas pelo Evangelho são da mesma cultura. A Palavra de Deus classifica as pessoas como judeus, gentios e a igreja de Deus (I Co 10.32). O Evangelho é o mesmo, mas é possível que uma mensagem seja mais facilmente aplicada a um grupo cultural do que a outro, e cabe a quem está apresentando as Boas-Novas ter essa sensibilidade para a comunicação do Evangelho. Paulo agiu assim, entendendo que nem todos os preceitos do judaísmo eram adequados aos gentios, como veremos na próxima lição.
CONCLUSÃO
Ao longo destas duas últimas lições, tratamos da biografia do apóstolo Paulo, conforme ele a demonstra aos gálatas. Na lição passada, estudamos a respeito dele como recém-convertido, e nesta lição, como um representante de uma equipe missionária, tendo a sua mensagem chancelada pelos obreiros de Jerusalém. A sua pregação não era estranha ao conhecimento dos judeus, e mesmo eles receberam a equipe de obreiros aos gentios com apreço e sem preconceito, ainda que houvessem ali na igreja, “falsos irmãos”.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Editora CPAD