Adultos - CPAD
Emoções e sentimentos — A batalha do equilíbrio interior
EBD – Adultos – EDIÇÃO: 710 – 4º Trimestre – Ano: 2025 – Editora: CPAD
LIÇÃO – 08 – 23 de novembro de 2025
TEXTO ÁUREO
“E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.” (Fp 4.7).
VERDADE PRÁTICA
Acima de todo e qualquer método humano, devemos confiar em Deus, único que pode nos dar a verdadeira paz e guardar nossos sentimentos.
LEITURA DIÁRIA
Segunda-feira – Lc 10.17-21
Jesus se alegrou no Espírito
Terça-feira – Gn 4.21
A música é uma das formas de expressão emocional
Quarta-feira – Nm 12.3; 16.15
Moisés, embora muito manso, teve momentos de ira
Quinta-feira – Nm 20.10-12
O descontrole de Moisés lhe trouxe grande prejuízo
Sexta-feira – II Sm 13.1,2,14,15
O coração humano é sujeito às paixões perversas
Sábado – Fp 2.1,2
O Espírito comunica sentimentos comuns
LEITURA BÍBLICA
Filipenses 4
4 — Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos.
5 — Seja a vossa equidade notória a todos os homens. Perto está o Senhor.
6 — Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças.
7 — E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.
Mateus 9
36 — E, vendo a multidão, teve grande compaixão deles, porque andavam desgarrados e errantes como ovelhas que não têm pastor.
João 11
35 — Jesus chorou.
36 — Disseram, pois, os judeus: Vede como o amava.
INTRODUÇÃO
O homem é, essencialmente, um ser pensante, afetivo, volitivo (vontade) e livre: pensa, sente, deseja e age. Na lição anterior estudamos a respeito dos pensamentos. Vimos como eles podem influenciar os sentimentos e a vontade, e refletir em nossas decisões. Nesta lição abordaremos a parte afetiva do ser humano, buscando definir e diferenciar emoções e sentimentos e compreender sua importância na experiência humana e espiritual.
I – O HOMEM, UM SER AFETIVO
- Propósitos do estudo. Há um evidente e preocupante agravamento da crise de saúde mental em todo o mundo, inclusive no Brasil. Transtornos depressivos e de ansiedade são os que mais crescem. Como já ressaltado, uma compreensão correta do ser humano, à luz da Palavra de Deus, é fundamental para uma vida integralmente equilibrada. Isso inclui entender (1) o que são emoções e sentimentos e como podem e devem ser geridos, (2) qual a conexão existente entre o que pensamos e o que sentimos e (3) qual a relação desses fenômenos com a vontade e as decisões humanas: Pensar, sentir, desejar e agir. Nada em nós deve estar fora do propósito de amar a Deus, servi-lo e adorá-lo (Sl 103.1; Mc 12.30).
- Afetividade: emoções e sentimentos. De forma simples, a afetividade é a nossa capacidade de sentir e demonstrar emoções e sentimentos. Esses processos envolvem tanto o nosso corpo quanto a alma (Sl 31.9), e também o espírito (Jo 13.21; Lc 1.47). A Bíblia nos mostra que somos seres completos — corpo, alma e espírito — e que nossas emoções e sentimentos fazem parte da nossa natureza, criada por Deus. Podemos entender melhor assim: a) Emoções: são reações rápidas e geralmente acontecem sem a gente pensar, como por exemplo, quando sentimos medo ou alegria de repente; b) Sentimentos: por outro lado, são mais duradouros, eles nascem das emoções, mas permanecem por mais tempo e são percebidos de forma mais consciente, como por exemplo, quando sentimos gratidão ou solidão.
A principal diferença é que a emoção passa rápido, tem pouca duração e é intensa; o sentimento é menos intenso, mas pode perdurar bastante tempo (Mt 26.38; Gn 47.9; Rm 9.2). Como servos de Deus, precisamos aprender a lidar com nossas emoções e sentimentos, buscando equilíbrio através da Palavra de Deus e da ação do Espírito Santo em nossa vida. - Principais afetos. Alegria, medo, raiva, surpresa, nojo e tristeza são as seis emoções básicas. Quando ocorrem, provocam alterações corporais, como coração acelerado, respiração ofegante, tensão muscular, secura na boca e náuseas. Adão expressou alegria ao acordar e contemplar Eva (Gn 2.23), emoção que se tornou um sentimento igualmente prazeroso durante a feliz convivência que tiveram, plena de cumplicidade (Gn 2.25). Depois do pecado, experimentaram vergonha e medo, duas emoções negativas ou desagradáveis. Dentre as reações externas imediatas ocorreram a percepção da nudez, cobrir o corpo e se esconder de Deus (Gn 3.7-10). Tristeza e dor se tornaram sentimentos constantes na vida do primeiro casal (Gn 3.16-18). A tragédia da expulsão do Éden certamente lhes causou profunda frustração e angústia (Gn 3.23).
- Inveja, ira e ódio. Em Caim também se observa a presença de emoção e sentimento. Sua ira em relação a Abel ficou estampada em seu rosto, um claro exemplo de reação fisiológica (Gn 4.6). Mesmo advertido por Deus, permitiu que a emoção se transformasse em um sentimento de ódio e matou o irmão (Gn 4.8). Outros sentimentos negativos, como culpa e medo, o acompanhariam por toda a vida (Gn 4.10-14).
II – EMOÇÕES: EXPERIÊNCIA E CONTROLE
- Reação e decisão.Como reações instintivas, muitas emoções estão fora do controle humano. Em casos assim, não constituem um pecado em si mesmas. Mas é responsabilidade nossa decidir como agir diante de uma reação emocional. A frase do apóstolo Paulo “Irai-vos e não pequeis” (Ef 4.26) expõe essa verdade. Paulo aconselha os efésios controlarem a ira e não deixarem que os dominem, tornando-se um sentimento pecaminoso. Permanecer irado é dar lugar ao Diabo e abrir caminho para terríveis pecados (Ef 4.27). A ira, portanto, é uma experiência emocional que deve ser repelida e jamais cultivada. Em Efésios 4.31 Paulo diz que devemos nos livrar de toda amargura, ira e cólera. Assim, admite-se a ira como emoção, mas não como sentimento. O verdadeiro cristão não pode alimentar emoções ruins, como a ira (Cl 3.5-8). Dizer “Eu sou assim mesmo!” para justificar arroubos emocionais e permanecer neles é negar a eficácia da obra de Cristo (Rm 8.13; II Co 5.17).
- Emoção e pecado. O fato de uma emoção ser instintiva não retira, de forma absoluta, seu caráter pecaminoso. Raiva, inveja, tristeza e outras emoções reiteradas podem ser expressões de pecados enraizados no coração. Uma pessoa orgulhosa, por exemplo, é muito suscetível a reações emocionais negativas, como ira, rejeição e outros comportamentos hostis às pessoas com quem convive. Nabal era um personagem assim: soberbo, mal-humorado e ingrato (1Sm 25.10,11). Sua insensatez lhe custou a vida (I Sm 25.36-38). Um coração altivo é muito propenso a emoções negativas e sentimentos facciosos (Pv 13.10; 21.24). Como Davi, devemos rogar a Deus que nos livre da soberba, para que ela não nos domine e leve a transgressões (Sl 19.13).
- O aspecto positivo das emoções. Mesmo desagradáveis, certas emoções nos trazem muitos benefícios. O medo é um exemplo. Quando sentimos esta emoção, o cérebro inicia um processo instantâneo de descarga de adrenalina, hormônio que põe o corpo em imediato movimento para luta ou fuga. Serve, portanto, como um ativador de nosso mecanismo de defesa. Sem essa emoção o corpo ficaria inerte, sem ação, totalmente vulnerável. Nossos afetos, portanto, podem ser direcionados para o bem ou para o mal. Foi tomado de uma justa indignação que Jesus expulsou os vendilhões do templo (Mt 21.12). Muitas outras emoções o Mestre expressou durante sua vida e ministério (Mt 9.36; Jo 11.35,36; Mc 3.5).
III – SENTIMENTOS GUARDADOS POR DEUS
- A falsa autonomia humana. Como em tantas outras áreas da vida, no aspecto das emoções e dos sentimentos muitos têm preferido acreditar em sua própria capacidade. O mercado está cheio de conteúdos sobre inteligência emocional e gestão emocional. São diversas as técnicas com as quais se promete o reconhecimento, a compreensão e o controle não somente das próprias emoções, mas também das dos outros. Não podemos negar alguma eficácia de métodos coerentes de ajuda ao ser humano nesse tão complexo processo. Todavia, é enganoso e perigoso acreditar no fantástico controle que alguns “mestres” das emoções prometem. Não raro se surpreendem com seus próprios fracassos, na inglória empreitada de serem emocionalmente invencíveis (Jr 17.5,9).
- Obediência, humildade e oração. Em Filipenses 4.7 Paulo se refere ao processo sobrenatural de guarda de nossos corações e sentimentos, que ocorre através da paz de Deus, que excede todo o entendimento. Mas isso somente acontece quando vivemos em abnegação, obediência e humildade, no modelo de Cristo (Fp 2.3-8). O apóstolo exorta os crentes de Filipos a terem o mesmo amor, o mesmo ânimo e o mesmo sentimento, renunciando os interesses pessoais (2.2-4). Quando há esta disposição interior e uma permanente confiança no cuidado divino, demonstrada através de orações e súplicas e um coração agradecido, cumpre-se o que o apóstolo Paulo anuncia no versículo 7: a paz de Deus guarda nossos corações e sentimentos em Cristo Jesus (Fp 4.7).
CONCLUSÃO
Não somos nós, com nossa própria capacidade, que dominaremos nossas emoções e sentimentos, mas sim o próprio Deus, se vivermos em humildade e fé, sob o domínio do Espírito (Gl 5.22).
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Revista CPAD
