E.B.D
Davi: um casamento real

EBD – Jovens – EDIÇÃO: 227 – 2º Trimestre – Ano: 2025 – Editora: CPAD
LIÇÃO – 06 – 11 de maio de 2025
TEXTO PRINCIPAL
“Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos.” (Rm 12.16)
LEITURA SEMANAL
Segunda-feira – I Pe 5.5.6
A humildade do jovem cristão
Terça-feira – I Sm 19.11-17
Mical ajuda Davi
Quarta-feira – Pv 18.22
Uma esposa é bênção do Senhor
Quinta-feira – Mt 19.6
Uma só carne
Sexta-feira – Sl 37-3-7
Davi confiava em Deus
Sábado – II Sm 5.10
Deus era com Davi
TEXTO BÍBLICO
I Samuel 18
20 Mas Mical, a outra filha de Saul, amava Davi; o que, sendo anunciado a Saul, pareceu isso bom aos seus olhos.
21 E Saul disse: Eu lhe darei, para que lhe sirva de laço e para que a mão dos filisteus venha a ser contra ele. Pelo que Saul disse a Davi: Com a outra serás hoje meu genro.
22 E Saul deu ordem aos seus servos: Falai em segredo a Davi, dizendo: Eis que o rei te está mui afeiçoado, e todos os seus servos te amam; agora, pois, consente em ser genro do rei.
23 E os servos de Saul falaram todas estas palavras aos ouvidos de Davi. Então, disse Davi: Parece-vos pouco aos vossos olhos ser genro do rei, sendo eu homem pobre e desprezível?
24 E os servos de Saul lhe anunciaram isso, dizendo: Foram tais as palavras que falou Davi.
25 Então, disse Saul: Assim direis a Davi: O rei não tem necessidade de dote, senão de cem prepúcios de filisteus, para se tomar vingança dos inimigos do rei. Porquanto Saul tentava fazer cair a Davi pela mão dos filisteus.
26 E anunciaram os seus servos estas palavras a Davi, e esse negócio pareceu bem aos olhos de Davi, de que fosse genro do rei; porém ainda os dias se não haviam cumprido.
INTRODUÇÃO
Essa lição nos propõe refletir acerca do casamento entre Davi e Mical e seus desdobramentos. É um enlace que nos inspira, mas também nos dá importantes alertas sobre o que não fazer. Diante dessas questões, essa história deve ser estudada para que seja um convite à edificação e à postura correta diante dos desafios dessa área tão central em nossas vidas: a formação de uma nova família.
I. UM NOIVO HUMILDE
1- A humildade na vida de Davi. É notável o quanto nós podemos aprender a partir da vida deste personagem bíblico. Nesse momento somos chamados a refletir acerca de sua humildade, algo constante na trajetória de Davi: na dedicação ao pastoreio (I Sm 16.11: Sl 78.70-72); em sua postura reconhecendo suas limitações (I Cr 17.16): no fato de ser um desconhecido para o rei (I Sm 17.55-58); em sua disposição em depender de Deus e anelar por sua presença (Sl 63): em honrar a posição do rei não se permitindo acelerar processos (I Sm 24.4-7), ao ouvir as justificativas de uma mulher sabia (I Sm 25.18-43): ao respeitar a memória de amigos (II Sm 9.5-13); ao aceitar as limitações impostas por Deus (I Cr 17) e em muitos outros momentos. Com relação ao casamento com a filha do rei, Davi mostrou humildade deixando claro que não era digno de tal honra (I Sm 18.18). O que muitos veriam como uma oportunidade de ascensão social e econômica, o homem segundo o coração de Deus repudiava. Em duas ocasiões, um casamento real foi cogitado. Primeiramente com Merabe, por ocasião da morte de Golias, depois com Mical, que era apaixonado por Davi. Nas duas ocasiões, Saul tentara criar uma situação que levasse o belemita à morte (I Sm 18.17. 20-21).
2- A humildade aos olhos do mundo. Em um mundo marcado pelo narcisismo e o individualismo, a verdadeira humildade é vista como um demérito pois é percebida como algo que evidencia a inaptidão das pessoas a aceitarem desafios e protagonizarem grandes feitos. Uma deturpação dessa visão de humildade aos olhos do mundo está nas demonstrações públicas envoltas em pirotecnia midiática nas redes sociais. Nesta área vemos atitudes altruístas, bondosas e assistenciais que possuem, na verdade, uma intenção explícita de autopromoção: infelizmente são valores deturpados, o que vale são os likes e o número de visualizações nas redes sociais, por exemplo. Nas redes sociais temos uma “amostra” bem nítida do que é a humildade aos olhos do mundo. Há uma amplificação da busca pela “construção de pessoas perfeitas”, mas que não existem, pois são frutos de uma intenção narcisista que vê na verdadeira humildade uma demonstração de fraqueza e predisposição à humilhação nas mãos dos demais
3- A humildade na vida do cristão. Em um mundo marcado pela busca incessante por reconhecimentos, recompensas e vantagens, a humildade apresenta um contraponto vital propondo ao ser humano um olhar com uma perspectiva marcada por sentimentos e características que são inerentes àqueles que seguem a Cristo. Ao cristão, a humildade é muito mais do que uma virtude necessária, ela é um genuíno reflexo da fé que ele traz em seu coração. Quando seguimos a Cristo, vamos nos inspirando em seus exemplos e temos em nossas atitudes traços e padrões que demonstram a nossa fé (Fp 2.5-11). Em uma vida marcada pela humildade, somos alcançados pela graça de Deus (Tg 4.6) e assim podemos caminhar sob a direção divina vivendo os seus propósitos, experimentando uma vida plena e abençoada. Ao reconhecermos a nossa dependência divina e as nossas limitações, abrimos com alegria nossas vidas à ação do Espírito Santo em uma dinâmica transformadora (Gl 5.22),
II. O AMOR DE UMA NOIVA
1- Mical e o seu amor por Davi. O relato bíblico nos revela que Mical, a filha mais nova de Saul, amava Davi (I Sm 18.20). O amor é um sentimento necessário em um casamento. Em uma época em que os matrimônios eram arranjos que envolviam política, poder, disputas territoriais, entre outros interesses, a história desses dois jovens nos inspira. No entanto, esse casamento foi marcado por uma série de estratégias de Saul com a intenção de matar o seu futuro genro. Tanto com Merabe (que fora dada em casamento a outro homem), quanto com Mical, o rei manipulou a situação desejando uma tragédia ao seu desafeto. E nas duas vezes. Davi voltou vitorioso fazendo muito mais do que dele fora esperado. Para que Davi pudesse se casar com Mical, o rei o desafiou a matar 100 filisteus. O noivo, surpreendendo o sogro (I Sm 18.25). Esse casamento contribuiu para que se intensificasse o ciúme de Saul e o seu ódio mortal contra Davi. Em um desses episódios, o rei enviou, à casa de Davi, soldados para assassiná-lo. Mical, movida por amor e fidelidade ao seu marido, ajudou-o a escapar e criou uma série de justificativas para retardar a ação dos homens de Saul (I Sm 19.11-17). Um admirável ato de bravura realizado por uma esposa comprometida com o seu casamento.
2- Uma vítima das circunstâncias? No início do casamento. Mical e Davi tiveram um bom relacionamento. O amor da noiva, os princípios elevados do noivo e a fidelidade de ambos resultaram em uma inspiradora história. Porém, após a fuga e diante da sentença de morte aplicada por Saul, o casamento foi desfeito pelo rei e a princesa foi entregue em matrimônio a outro homem: Palti, filho de Laís (I Sm 25.44). Diante desse evento, podemos perceber como Saul, seguindo o seu próprio padrão, impor a sua vontade e de forma despótica, se utilizou da própria filha em seu jogo político. As circunstâncias começaram a castigar Mical, que perdeu o seu esposo amado, e foi tratada como uma moeda de troca. Além disso, anos depois, quando Davi já reinava, Mical foi forçada a deixar Palti e voltar para o seu primeiro casamento sem que houvesse consulta ou ainda algum respeito pelos seus sentimentos (II Sm 3.14-16). De fato, mesmo diante de sua posição na família real Mical se tornou amarga diante das decisões alheias que a jogavam de um lado para o outro como um objeto qualquer.
3- O poder do diálogo. Quantos grandes problemas poderiam ser evitados se bons diálogos fossem realizados? Tanto na história geral, passando pela história bíblica e indo até as nossas experiências atuais, o diálogo tem sido uma constante na busca por entendimentos e dissolução de conflitos. Um exemplo das consequências catastróficas da falta de diálogo pode ser observado justamente no relacionamento entre Mical e Davi: um desprezo mútuo e uma intolerância crescente marcou a vida dos dois em um momento em que eles facilmente poderiam aproveitar os benefícios dos novos tempos e a estabilidade do reino a tanto pretendida. Infelizmente, a alegria de uma caminhada a dois foi ofuscada pela falta de comunicação, o crescente desprezo e a mútua intolerância. Quando Davi trouxe a Arca da Aliança para Jerusalém, ficou muito feliz e grato a Deus. A sua celebração envolve danças e saltos de alegria, algo que não foi bem visto pela amargurada Mical. Ao retornar para casa, a esposa desprezou o marido ofendendo-o de forma lamentável. Diante de tal fato, a situação piorou ainda mais e o fim de Mical foi envolto em amargura e solidão, sem filhos e sem o amor do marido (2 Sm 6.23).
III. DEUS ERA COM DAVI
1- Davi e as armadilhas de Saul. A cada dia que passava, mais Saul odiava Davi. As vitórias conquistadas e a admiração que o povo nutria pelo jovem (I Sm 18.5), eram motivos para que o rei ficasse ainda mais furioso e por vezes tentasse matar o jovem. Logo o principal desejo do rei seria a ruína e a morte do filho de Jessé. Duas promessas de casamento, duas armadilhas, duas vitórias impressionantes Com Merabe, o desafio foi uma série de batalhas contra os filisteus na esperança de que, em uma delas, o jovem tombasse Já com Mical, Saul pediu algo inusitado e muito perigoso: a morte de cem filisteus (I Sm 18.25). O êxito no primeiro desafio foi celebrado amplamente por todos, mas foi a segunda armadilha que deixou o rei sem palavras, levando-o a entregar a filha mais nova em casamento: em vez de matar cem filisteus. Davi exterminou o dobro, duzentos Deus era com Davi e, mesmo perseguido implacavelmente por Saul, era bem-sucedido em todas as áreas.
2- Quando Deus está conosco. Uma belíssima verdade a ser celebrada é o fato de podermos buscar a presença de Deus em nossas vidas e assim desfrutar de sua intimidade. Devemos constantemente almejar tal relação e diante dessa realidade nos permitirmos viver conforme a sua vontade. A presença do Senhor é uma possibilidade maravilhosa e uma feliz realidade na vida dos cristãos. Para que possamos nos deleitar dessa presença, precisamos, a partir de nossa salvação em Cristo, meditar, obedecer a Palavra do Senhor, ser fortes e corajosos e buscarmos sempre a direção divina em nossas vidas (Js 1.7-9). Muitas são as dificuldades e as investidas do nosso Inimigo com a finalidade de nos destruir tirando-nos do bom caminho. Porém, se Deus está conosco, nada devemos temer.
3- Os nossos desafios. Nos tempos atuais, o crente é desafiado nas mais diversas áreas. Desde as questões mais pessoais até temas de ampla abrangência na sociedade em todos os desafios devemos, enquanto cristãos, confiar no cuidado divino para conosco. Entre os desafios contemporâneos, destacamos as questões sócio políticas latentes na sociedade, os relacionamentos, sejam familiares, ou seja, em outras esferas da sociedade; as questões ligadas à sexualidade, os desconfortos de ordem psicológica e psíquica; entre tantos outros. Como é bom sabermos que, diante de qualquer desafio, jamais estamos só Muitas vezes tentamos vencer nossas dificuldades buscando as nossas próprias forças, mas essa é uma decisão inútil. Confiemos e descansemos no Senhor, Ele cuida dos seus (Sl 37.18.19)
CONCLUSÃO
Diante dos acertos de Davi, aprendemos o valor da humildade, a preciosidade do amor no casamento, o quão importante é a presença do Senhor em nossas vidas e a não temer os desafios, pois não estamos sozinhos. Já diante dos erros, constatamos os lastimáveis prejuízos pela falta de diálogo, de empatia e do respeito pela vida das pessoas que estão à nossa volta. Importantes lições, um tempo de edificação para todos nós.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Editora CPAD