E.B.D
Advertência contra o legalismo
EBD – Jovens – EDIÇÃO: 239 – 3º Trimestre – Ano: 2025 – Editora: CPAD
LIÇÃO – 05 – 03 de agosto de 2025
TEXTO PRINCIPAL
“Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras e transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento).” (At 15.24)
LEITURA SEMANAL
Segunda-feira – At 11.23
A graça de Deus em Antioquia
Terça-feira – Gl 2.12
A inconstância de Pedro
Quarta-feira – Gl 2.18
Não podemos voltar atrás
Quinta-feira – At 15.24
Judaizantes falavam sem autorização
Sexta-feira – At 11.26
Em Antioquia os discípulos foram chamados de cristãos
Sábado – Gl 2.19
Estamos mortos para as obras da Lei
TEXTO BÍBLICO
Gálatas 2
11 E, chegando Pedro à Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível.
12 Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se foi retirando e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão.
13 E os outros judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação.
14 Mas, quando vi que não andavam bem e diretamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?
15 Nós somos judeus por natureza e não pecadores dentre os gentios.
16 Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, trataremos da vivência de uma fé correta. Tal verdade é vista no conflito que aconteceu entre Paulo e Pedro, quando irmãos de Jerusalém vieram a Antioquia e Pedro sentiu-se constrangido a se afastar dos gentios para agradar aos judeus. A resposta de Paulo a essa atitude de Pedro foi registrada e pode nos servir de exemplo sobre o que pode acontecer quando uma pessoa nega, com uma atitude, um ensino das Sagradas Escrituras. O Evangelho de Jesus deve ser ensinado e defendido a todo custo, mesmo na comunidade dos santos.
I. O CASO DE ANTIOQUIA
1- Pedro chega à Antioquia. A cidade de Antioquia da Síria é apresentada no Novo Testamento como um local onde judeus e cristãos congregavam juntos, onde culturas diferentes eram ensinadas por intermédio do Evangelho de Jesus. O apóstolo Pedro estava ali e não teve dificuldades de se adaptar àquele ambiente. Ele certamente tinha conhecimento de que a igreja em Antioquia era um ambiente onde não havia as divisões étnicas tão acentuadas, conhecidas e bem delimitadas, como era em Jerusalém. É bom lembrar também que Pedro, segundo Lucas, orientado por Deus, foi o primeiro apóstolo a tratar do Evangelho com um gentio. Cornélio, fora de Jerusalém. Não houve nenhum problema em Pedro comer com os crentes gentios em Antioquia, até que chegassem judeus vindos de Jerusalém. O verbo “comia”, no pretérito imperfeito, mostra que não foi somente em uma única ocasião que Pedro comeu com gentios, e sim em várias refeições.
2- Os da parte de Tiago. Paulo descreve que um grupo de irmãos chegou de Jerusalém. Até aquele momento. Pedro e os que o acompanhavam estavam comendo com gentios. No mundo antigo, partilhar uma refeição significava muito mais do que simplesmente comer ao lado de uma pessoa. É possível que, em nossos dias, você divida uma mesa numa praça de alimentação com uma ou mais pessoas que você não conheça. Mas não foi esse o caso em Antioquia. Comer juntos ali implicava ter comunhão, aceitação mútua. A mesa estava sendo ocupada por irmãos em Cristo, mesmo que de culturas diferentes. Não se costumava partilhar refeições com inimigos, mas sim com pessoas que se desejava ter próximas. Pedro estava comendo e tendo comunhão com pessoas que já haviam aceitado a Jesus. Os indivíduos no entorno da narrativa não eram gentios incrédulos, mas gentios feitos filhos de Deus pelo poder do Eterno. Paulo nos diz que o grupo que veio de Jerusalém era da “circuncisão”. É possível que fossem pessoas mais intolerantes em relação ao contato com gentios. Há registros de que judeus mais envolvidos com a Lei mantinham distância de pessoas de outras culturas, a fim de não se contaminarem, por acreditarem que a proximidade com outras pessoas não judias poderia lhes deixar impuros. Esses judeus, como se entende, ouviram o Evangelho e creram em Jesus como seu Messias, mas mantinham a prática da Lei, inclusive no tocante ao distanciamento de pessoas não circuncidadas.
3- A dissimulação. Devemos ressaltar que quando Paulo menciona que os judeus que chegaram como “os de Tiago”, não o faz como uma designação pessoal, pois Tiago reconheceu o ministério de Paulo aos gentios. É possível que essa observação se deva ao fato de que Tiago representava a igreja de Jerusalém. Paulo não diz o que esses homens falaram, mas mostra que a presença deles foi capaz de mudar o comportamento de Pedro. Da mesma forma que os falsos irmãos aparentemente não falaram nada, mas impunham pela sua presença a sua ideia, os que tinham vindo de Jerusalém certamente partilhavam daquelas mesmas ideias, ou Pedro não teria mudado de atitude. Para tornar mais difícil a situação, Lucas registra que Tiago não havia autorizado ninguém a trazer mandamentos diferentes: “Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras e transtornaram a vossa alma (não lhes tendo nós dado mandamento)” (At 15.24). Eles poderiam ser da parte de Tiago, mas não falavam em nome de Tiago. A atitude de Pedro envolvia muito mais do que simplesmente partilhar uma refeição. Em um momento, ele agia como se cresse que não havia mais barreiras entre judeus e gentios em Cristo, e no outro momento com outra ação, demonstrava que as barreiras ainda existiam. Pedro se viu debaixo de uma enorme pressão, e cedeu a ela. O peso dos visitantes de Jerusalém constrangeu o apóstolo pescador a agir de outra forma.
II. DOIS APÓSTOLOS EM CONFLITO
1- O poder de pressão de um grupo. Paulo descreve que Pedro mudou seu comportamento com a chegada dos irmãos de Jerusalém. Isso nos mostra que o pertencimento ou a identificação cultural com um grupo pode gerar uma grande pressão sobre uma pessoa. Paulo fala que Pedro “se foi retirando e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão”, numa referência clara de que o apóstolo de Jerusalém, mesmo sendo um homem de Deus, não quis ser visto comendo com gentios à mesa. Até Barnabé se deixou levar por aquela situação. Esse seria um trunfo para os judaizantes, pois ele era companheiro de missões de Paulo, e ambos haviam estado em Jerusalém para se encontrar com Pedro e Tiago. Mesmo um homem de Deus como ele foi envolvido no constrangimento causado pela ação de Pedro.
2- Repreensão na frente de todos. “Por qual motivo Pedro foi repreendido por Paulo?” A razão era que ele estava, mediante a sua atitude, negando uma doutrina fundamental da fé cristã, que é a justificação pela fé. Não se tratava somente do choque ocasionado por duas culturas diferentes, ou de uma refeição partilhada com pessoas de outra cultura, e sim da contrariedade do poder da graça de Deus. Pedro foi repreendido por ser judeu e viver como gentio, e querer que os gentios vivessem como judeus. Mesmo sendo apóstolo, Pedro teve medo dos homens de Jerusalém. Certamente os judaizantes tinham grande influência naquela cidade, a ponto de constrangeram um apóstolo a agir daquela forma. É preciso lembrar que quando Pedro batizou Cornélio, ele foi inquirido pelos irmãos em Jerusalém, que só aceitaram as ações de Pedro depois de saberem que o Espírito Santo também havia sido derramado entre os gentios. Ser líder é ser observado, e não raro, julgado e criticado, como aconteceu nesse episódio, pois Pedro foi falar com Cornélio por ordem de Deus. Já no caso de Antioquia, Pedro cedeu à opinião dos judaizantes. Ele sabia o que era estar sob os holofotes da acusação, mas precisava saber também que impor uma forma de vida e não vivê-la era danoso para a fé.
3- O homem não é justificado pelas obras da Lei. Paulo se vale dessa história para falar que o homem “não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo” (Gl 2.16). As obras da lei não servem para justificar o ser humano, e sim para condená-lo, pois um único pecado faria com que toda a lei fosse transgredida, condenando, assim, o seu praticante. Nada que façamos com o objetivo de alcançar o favor de Deus para a salvação tem resultado, pois nossos pecados são uma dívida que não podemos pagar por nós mesmos, mas que foi paga por Jesus. Seguir as obras da Lei era tentar ajudar Deus a fazer o seu trabalho de nos salvar. A pergunta de Paulo é impressionante: “é, porventura, Cristo, ministro do pecado?” (Gl 2.17). Essa pergunta tem um motivo: sem perceber, os gálatas estavam tentando restabelecer a lei que foi dada aos judeus. Quem tenta restabelecer um conjunto normativo de práticas para ser declarado justo, já tendo sido justificado por Cristo, acaba se tornando participante desse conjunto normativo, e faz de Cristo participante desse cenário.
III. ESTOU CRUCIFICADO COM CRISTO
1- Estou crucificado com Cristo. Paulo mostra que a sua fé está baseada na morte e na vida de Jesus Cristo. Na morte, crucificado com Cristo, e na vida, existindo pautado na fé no Filho de Deus. Uma vez que Jesus morreu por Paulo, Paulo se declara vivo para Cristo (Gl 2.20).
2- A fé no Filho de Deus. Paulo realça que vive a fé no Filho de Deus (Gl 2.20). Ele não diz que a sua vida diante de Deus está pautada na Lei, mas se identifica com a crucificação do Senhor. Cristo cumpriu toda a Lei, e ao morrer na cruz, mostrou que os requisitos exigidos por Deus foram cumpridos. A Lei de Moisés conduzia a Cristo, e o sacrifício de Cristo nos conduz a Deus. Mais que isso, agora Cristo vive em nós. O Evangelho de Jesus não se baseia nas práticas da Lei, mas na morte e ressurreição do Senhor.
3- Cristo morreu por nada? Quando cremos ou ensinamos que é preciso acrescentar a circuncisão ou outras práticas à mensagem do Evangelho, estamos negando que o sacrifício de Jesus por nós é completo ou suficiente. A Lei de Moisés não acrescenta nada à nossa salvação, e as obras que fazemos na vida cristã servem para refletir a glória de Deus em nossas vidas. Se mudamos esse princípio, então estamos declarando que Jesus morreu por nada, e que o sacrifício dEle precisa ser reforçado – pelos gentios com práticas que Deus ordenou aos judeus.
CONCLUSÃO
Nenhum de nós pode negar um preceito bíblico por força da pressão de um grupo. Nossa vocação inclui defender a fé que um dia nos foi dada, e nos manter nela em todo o tempo, não somente crendo, mas praticando a doutrina correta de que somos salvos pela graça de Deus, por meio da fé. e jamais pelas nossas próprias obras, para que o sacrifício de Jesus não se torne vão.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Editora CPAD