E.B.D
A mensagem de Jeremias para Judá

EBD – Jovens – EDIÇÃO: 249 – 4º Trimestre – Ano: 2025 – Editora: CPAD
LIÇÃO – 02 – 12 de outubro de 2025
TEXTO PRINCIPAL
“Ouvi a palavra do SENHOR, ó casa de Jacó e todas as famílias da casa de Israel.”(Jr 2.4).
LEITURA SEMANAL
Segunda-feira – Dt 32.7-12
Deus santificou Israel
Terça-feira – Ez 18.1-32
Deus insiste no arrependimento de seu povo
Quarta-feira – Pv 3.11,12
A correção de Deus
Quinta-feira – II Rs 24.1-20
A desobediência de Judá
Sexta-feira – Lm 3.25
Deus é bom para os que o buscam
Sábado – Lc 15.1-32
O Senhor e o arrependimento de seu povo
TEXTO BÍBLICO
Jeremias 2
5 — Assim diz o SENHOR: Que injustiça acharam vossos pais em mim, para se afastarem de mim, indo após a vaidade e tornando-se levianos?
6 — E não disseram: Onde está o SENHOR, que nos fez subir da terra do Egito? Que nos guiou através do deserto por uma terra de ermos e de covas, por uma terra de sequidão e sombra de morte, por uma terra em que ninguém transitava, e na qual não morava homem algum.
7 — E eu vos introduzi numa terra fértil, para comerdes os seus frutos e o seu bem; mas, quando nela entrastes, contaminastes a minha terra e da minha herança fizestes uma abominação.
8 — Os sacerdotes não disseram onde está o SENHOR? E os que tratavam da lei não me conheceram, e os pastores prevaricaram contra mim, e os profetas profetizaram por Baal e andaram após o que é de nenhum proveito.
9 — Portanto, ainda pleitearei convosco, diz o SENHOR; e até com os filhos de vossos filhos pleitearei.
10 — Porquanto, passai às linhas de Quitim e vede; e enviai a Quedar, e atentai bem, e vede se sucedeu coisa semelhante.
11 — Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, posto não serem deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua glória pelo que é de nenhum proveito.
12 — Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o SENHOR.
13 — Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retém as águas.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, faremos uma análise do foco principal da profecia de Jeremias: o arrependimento. Esse era o fundamento de sua mensagem. Ele alerta a respeito da iminente destruição de Jerusalém pela invasão da Babilônia. A invasão seria uma consequência da desobediência e apostasia do povo.
II. A PALAVRA PROFÉTICA ENVIADA A JUDÁ
- O ministério profético. O termo profeta vem do hebraico nabie do grego prophetes e, conjuntamente, referem-se à pessoa que recebia a autorização para falar em nome e em lugar de Deus (Ez 2.1-10). O ofício profético tem início com Samuel que, além de ser uma referência, foi também o fundador da chamada escola de profetas (I Sm 19.20). O ofício profético se deu até João Batista, cuja missão principal foi a de realizar a transição deste período para o inaugurado por Cristo (Mt 11.11-15).
Com um chamado específico e particular (Am 7.14,15), o profeta era separado exclusivamente para Deus, que o enviava com a missão de tornar sua vontade conhecida de seu povo, razão pela qual era também conhecido como “homem de Deus” (I Sm 2.27; 9.6; I Rs 13.1). - A natureza profética da mensagem de Jeremias. Como resposta ao chamado divino, Jeremias é visto entregando uma mensagem de exortação a Judá (2 — 3). Após a experiência de seu chamado, Jeremias recebeu a ordem para que deixasse a sua cidade (Anatote) e fosse a Jerusalém com a finalidade de proclamar a mensagem divina (Jr 2.1-35).
Por meio da profecia entregue por Jeremias, Deus reafirmou a sua fidelidade, o seu compromisso com a santidade, com a verdade, com o amor e a sua disposição em restaurar o seu povo.
Uma profecia vinda de Deus jamais vai contradizer a sua natureza e a sua Lei. O caráter de Deus deve permear toda a mensagem, a fim de que Ele seja exaltado e honrado. A mensagem deve atender aos interesses de Deus e não do profeta. - Judá, o alvo de Deus. Por volta do ano 931 a.C., com a ascensão de Roboão ao reinado, ocorreu a triste divisão de Israel em dois reinos: Reino do Norte, com capital em Siquém, posteriormente substituída por Samaria e Reino do Sul, com capital em Jerusalém. Estes dois reinos guerrearam entre si por cerca de 60 anos (I Rs 14.30; 15.7,16), embora no período do reinado de Acabe e Josafá houvesse paz, incluindo alianças políticas e familiares, trazendo a influência do culto a Baal no Reino do Sul, motivo de sua destruição.
A longa história de Judá foi marcada por alguns reis que honraram a Deus e outros que não. Jeremias nasceu durante o reinado de Manassés, que morreu quando o profeta tinha cerca de 10 anos de idade e recebeu o seu chamado durante o governo de Josias que morreu em 609 a.C. Jeremias se dirigiu a este reino advertindo sobre a sua queda, fato que ocorreu em 586 a.C. quando, de um reino, Judá passou a ser uma simples província.
II. A DURA ADVERTÊNCIA DIVINA
- A ira de Deus. Desde que foi chamado por Deus, Jeremias esteve ciente de que, se por um lado a sua mensagem seria de esperança, por outro, ela seria de advertência e de exortação a um povo que havia escolhido afastar-se de Deus (2.13). O ministério de Jeremias revela a reação de Deus à forma com que o seu povo o tratava naqueles dias, motivo que acendeu a sua ira e Ele prometeu tratá-los segundo as suas obras (2.14-19).
A ira de Deus é a manifestação de sua repulsa ao pecado e tem como base a sua santidade e justiça. A intenção de Deus com a mensagem de juízo não era amedrontar o seu povo e nem tampouco castigá-lo, mas sim, advertir do erro, trazendo arrependimento e mudança de vida, pois o seu prazer é que a sua bondade seja experimentada, pois seus pensamentos são de paz e não de mal para com os seus (3.12,13; 29.11-13). - Uma palavra de condenação. De acordo com os textos dos capítulos 2 e 3 do livro de Jeremias, o profeta recebeu a mensagem de Deus, cujo conteúdo foi de condenação, num período no qual o povo de Judá se afastou do Senhor.
A mensagem entregue a Jeremias é uma forte acusação contra Judá, que à semelhança de uma esposa infiel, traiu o seu Deus (3.1-3). A mensagem foi transmitida com vívido sentimento de angústia que, inquestionavelmente, retrata o sentimento do próprio Deus, diante da indiferença do seu povo. Daí, então, o aviso divino de que castigaria Judá (2.18,19). - As causas da condenação. Inicialmente, é preciso afirmar que Deus não tem prazer em fazer o homem padecer ou sofrer (Lm 3.33). Por outro lado, o Senhor não hesita em corrigir o seu povo, inclusive pelo sofrimento, por enveredar por caminhos tortuosos e contrários à sua Palavra.
Não há condenação divina sem causa. A idolatria foi a principal razão da condenação anunciada por Jeremias (3.6-8). Mas também houve um longo caminho de ingratidão, indiferença e afastamento do Senhor (2.13).
Judá trocou o único e verdadeiro Deus por deuses falsos e esta foi a queda final e fatal de uma longa desconstrução de princípios e valores espirituais, atitudes que causaram a indignação divina e consequentemente a condenação de Judá (2.10,11).
III. UM CHAMADO AO ARREPENDIMENTO
- O que é arrependimento? O chamado ao arrependimento foi uma das tônicas principais da mensagem de Jeremias, conforme se observa nas expressões “volta”, “reconhece” e “convertei-vos” (3.12-14). O termo arrependimento vem do grego metanoia, isto é, mudança de mente. No Antigo Testamento, o vocábulo niham, que é o ato de arrepender-se, está em concordância com as palavras gregas metanoiae apostrpho, apontando para arrependimento que é “voltar-se para longe de, ou em direção de”.
Uma das definições para arrependimento é “converter-se”, que significa mudar de direção. Entretanto, o arrependimento genuíno não consiste apenas em mudar a direção, mas em abandonar a direção errada e seguir em direção a Deus. Esta é a razão pela qual Jeremias profetizou que Deus passaria a ser o centro da vida de seu povo novamente, como resultado do arrependimento (3.16).
Arrepender-se é deixar a própria rota para seguir a de Deus. É abandonar a si mesmo para viver para Deus. Jeremias foi um profeta que demonstrou amor genuíno pelo seu povo, mesmo que este não o tenha dado ouvido as suas mensagens. - Arrependimento, o caminho da restauração. Na prática, arrepender-se é mudar de opinião, de posição e de comportamento. A pessoa arrependida experimenta uma mudança radical de pensamentos e atitudes.
Judá havia se esquecido das obras gloriosas operadas pelo Senhor ao longo da história, como demonstração do seu cuidado (2.5-7). Por isso, o povo foi confrontado diante de sua ingratidão e apostasia (2.8-13; 3.6-11).
Jeremias apregoou o arrependimento como condição para que: (a) não recebesse a justa ira divina (3.12); (b) a comunhão com Deus fosse restaurada (3.14); (c) recebesse líderes segundo o coração de Deus (3.15) e (d) a presença de Deus fosse constante entre o seu povo (3.16-18). O arrependimento é o caminho da restauração. - A necessidade permanente de arrependimento. O profeta que fez a transição do Antigo Testamento para o Novo foi João Batista. Semelhante a Jeremias, sua principal mensagem foi: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 3.2). Jesus também pregou a Palavra de Deus dizendo: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 4.17).
Pedro também, no Dia de Pentecostes, pregou dizendo: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).
Paulo tratou amplamente sobre o arrependimento e o definiu como sendo “a tristeza segundo Deus” (II Co 7.10). Na prática, isso quer dizer que a tristeza de Deus diante do pecado cometido é aplicada ao coração da pessoa arrependida que, à semelhança do ensino do mesmo apóstolo de que a conversão a Deus resulta em “obras dignas de arrependimento” (At 26.20).
O arrependimento como meio de restauração da comunhão com Deus não foi uma necessidade dos dias de Jeremias apenas, mas também nos dias de Jesus e dos apóstolos, assim como ainda é na atualidade.
CONCLUSÃO
A necessidade da entrega de uma mensagem divina justificava a existência de um profeta e o exercício de seu ministério.
Com base nos capítulos 2 e 3 de Jeremias, esta lição pontuou esta verdade a partir da dura mensagem que o profeta entregou ao povo de Judá, deixando o exemplo e a lição de que, ainda hoje, o arrependimento é sempre o caminho para a restauração.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Editora CPAD