E.B.D
Instruções a respeito da oração

EBD – Jovens – EDIÇÃO: 132 – 3º Trimestre – Ano: 2023 – Editora: CPAD
LIÇÃO – 03 – 16 de julho de 2023
TEXTO PRINCIPAL
“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens. (I Tm 2.1)
LEITURA SEMANAL
Segunda-feira – Fp 4 4
Apresente seus pedidos a Deus
Terça-feira – Tg 5.16
A oração da fé
Quarta-feira – Mc 11.24
Tudo o que pedirdes em oração
Quinta-feira – Mt 6.7,8
Instruções do Mestre sobre oração
Sexta-feira – Mt 7.11
A bondade de Deus para com os que oram
Sábado – I Ts 5-17
Ore continuamente
TEXTO BÍBLICO
I Timóteo 2
1 Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens.
2 Pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade.
3 Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador.
4 Que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade.
5 Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem.
6 O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.
7 Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto) fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios, na fé e na verdade.
8 Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda.
INTRODUÇÃO
Qual a missão do cristão em relação ao mundo e às autoridades? No texto em estudo, Paulo nos responde esta pergunta. Sabemos que a pregação do Evangelho é, sim, a grande missão da Igreja na Terra, conforme ordenado por Jesus (Mc 16.15). É preciso considerar, contudo, que antes da proclamação é necessário que haja oração (At 4.31; Ef 6.18,19). Em tempos tão agitados, em que se busca uma participação mais ativa das igrejas na vida pública, é fundamental estudar o que o Novo Testamento nos ensina sobre isso. Vivendo em uma época de tanta conturbação, sob o opressor Império Romano, a orientação de Paulo foi, antes de tudo, a prática da oração. Vamos refletir sobre isso.
I – ORAÇÃO: UMA PRIORIDADE
1- “Antes de tudo”. No primeiro capítulo de sua carta, Paulo saúda a Timóteo e o lembra da principal missão que tinha em Éfeso: refutar o ensino dos falsos mestres. A partir do capítulo 2, transmite instruções práticas de como o jovem pastor deveria liderar a igreja e de como deveria ser desenvolvida a vida eclesiástica. O apóstolo começa advertindo-o da prioridade para o viver cristão: a oração. A expressão “antes de tudo” indica que antes de qualquer outra prática litúrgica Timóteo deveria dedicar-se à oração e estimular os crentes efésios a fazer o mesmo. Seu dever pessoal fica evidenciado quando o apóstolo diz “admoesto-te” e o dever congregacional está explícito na expressão “que se façam”. Ou seja, Timóteo e toda a igreja deveriam ter a oração como prioridade no viver. Isso funcionaria – e funciona, induvidosamente -, como condição para o estabelecimento e a vida da igreja.
2- Como orar. Apesar de Paulo usar palavras sinônimas (“deprecações, orações, intercessões e ações de graças”), fica claro que não se trata de uma mera repetição. Deprecação é uma súplica por uma necessidade específica. Oração é um termo genérico e pode expressar desde petições feitas em favor de si mesmo, por necessidades gerais, a toda e qualquer expressão verbal dirigida a Deus, Interceder é orar em favor de outra pessoa. Ações de graças são expressões de gratidão. Timóteo e toda a igreja deveriam fazer todo o tipo de oração, por eles mesmos, por todos os homens e, como uma nota especial no texto, por todas as autoridades (2.2). Orar antes de tudo é uma recomendação que se aplica a todos nós, em relação a toda e qualquer área da vida. Há nisso, um aspecto temporal e prático. Orar primeiro e orar antes de tudo significa, por exemplo, que não devemos começar o dia sem orar; que não devemos iniciar uma viagem sem orar; que precisamos buscar a vontade de Deus para todas as decisões de nossa vida (Tg 4.13-16). Orar antes de tudo é reconhecer a soberania de Deus e dar a Ele o controle de nosso viver. Orar sem cessar (I Ts 5.17; Cl 4.2).
3- Orar pelas autoridades. Nos tempos de Paulo, o mundo vivia sob o controle de reis e imperadores cruéis, como Nero, um implacável perseguidor dos cristãos, que governava o Império Romano naqueles dias (54-68 d.C.). O apóstolo já havia sido hostilizado e preso muitas vezes pelas autoridades romanas. Pouco tempo antes de escrever essa carta a Timóteo, sofrerá cinco anos de aprisionamento, da prisão em Jerusalém até Roma (At 28.11-31). Orar antes de tudo é reconhecer a soberania de Deus e dar a Ele o controle de nosso viver. Orar sem cessar. Da parte dos judeus, os conflitos políticos e militares com seus dominadores sempre foram intensos, com grandes revoltas, como a dos Macabeus (164 a.C.) e as guerras judaico-romanas, como a que culminou com a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. Os judeus eram dados a levantes, protestos e sedições, como narram historiadores como Flávio Josefo e Eusébio de Cesareia. Lucas faz um rápido registro desse típico comportamento judaico, citando Teudas e Judas, o galileu (At 5.34-37). Contudo, em Jesus e nos apóstolos não se observa qualquer instigação a movimentos revoltosos contra as autoridades ou o exercício para ascensão ao poder. O que o Novo Testamento nos ensina é orar intensamente pelas autoridades (I Tm 2.1) e nos sujeitar a elas (Rm 13.1; I Pe 2.13-17).
II – O PODER DA ORAÇÃO
1- Uma questão de fé. Um dos sinais dos últimos tempos é a apostasia, o abandono da fé (I Tm 4.1). Isso acontece paulatinamente, com a diminuição de disciplinas espirituais essenciais, como a leitura bíblica e a oração. Fé e oração, oração e fé. Atributo e prática intimamente associados e codependentes. É preciso ter fé para orar (Hb 11.6; Tg 1.6-8) e é preciso orar para ter mais fé (Lc 17.5; 22.32; Ef 3.14-17; II Ts 1.11). Pela parábola do juiz iníquo, entendemos como a crise de fé tem relação com a diminuição da frequência e do tempo de oração (Lc 18.1-8). Jesus contou essa parábola com o propósito específico de nos estimular a “orar sempre e nunca desfalecer. A viúva insistiu com o perverso juiz, que “nem a Deus temia, nem respeitava homem algum”, o que demonstra o grau de improbabilidade de que a pobre mulher fosse atendida. Sua insistência, contudo, levou o ímpio magistrado a atendê-la.
2- O perigo do secularismo. Jesus fez a aplicação da parábola aos seus discípulos de todos os tempos, tratando do relacionamento que precisamos ter com nosso Pai celestial: “E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?” (v. 7). O Mestre responde: “Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura achará fé na terra?” (v.8). Em outras palavras: ainda haverá quem creia que vale a pena orar, esperando pela intervenção de Deus? Jesus estava nos advertindo de uma onda mortal chamada secularismo, fruto do abandono da fé, de incredulidade e dureza de coração. Será que ainda vale a pena “orar sempre e nunca desfalecer” esperando que Deus faça justiça em nossas causas, ou é hora de agir, usando nossas próprias armas para resolver nossos problemas e nos livrar das injustiças de nosso tempo? A resposta está no nível de fé que temos.
3- Vida quieta e sossegada. Paulo está estimulando Timóteo a orar e ensinar à igreja que ore pelas autoridades, para que Deus, o Pai, nos faça ter “uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (2.2), O apóstolo não está sugerindo qualquer outra prática como prioridade para a vida do cristão. Desdenhar, portanto, do poder da oração é um sinal trágico para a fé evangélica. A oração pelas autoridades faz com que Deus, que é Soberano em tudo, dirija seus corações segundo a vontade dEle, livrando-nos de hostilidades e perseguições.
Provérbios 21.1 diz: “Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; a tudo quanto quer o inclina”. Atentemos, contudo, para o propósito correto que precisamos ter, que é viver “em toda a piedade e honestidade”. Não pode ser outra a nossa motivação, portanto, para que Deus aja em nosso favor controlando o agir do Estado. Nosso alvo deve ser uma vida piedosa, de profunda comunhão e serviço ao nosso Senhor, ao mesmo tempo em que vivemos honestamente diante de todos os homens.
III – O PROPÓSITO DIVINO
1- Bom e agradável. Deus espera que confiemos nELe e façamos o que Ele recomenda em sua Palavra. Sob a inspiração do Espírito Santo, Paulo não apenas adverte a Timóteo da prioridade da oração e do seu alvo, mas registra que isso é “bom e agradável diante de Deus”. Deixar de atender essa recomendação é buscar outros expedientes e, além de incredulidade, rebeldia, sob a falsa justificativa de que é preciso agir. Porventura, orar não é agir? Sim, orar é agir. Agir na esfera própria, contra os verdadeiros inimigos da Igreja (Ef 6.12). É atravessar bloqueios e alcançar as regiões celestiais, onde estão as efetivas soluções de nossos problemas. É lutar com armas não carnais (II Co 104,5)’ Enganam-se os que pensam que a oração é uma inação ou inatividade. Oração é combate efetivo (Rm 15.30; Cl 4.12). Todas as nossas demais ações, justas e necessárias, somente serão corretas e eficazes se forem precedidas dessa ação fundamental, que é a oração (II Cr 7.14; Mt 6.33; Ef 6.18; Fp 4.6; Jo 15.5). “Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela’ (Sl 127.1).
2- A salvação de todos. O universalismo é a falsa crença de que, ao final, Deus salvará a todos os homens. Isso não tem respaldo bíblico algum. A Bíblia apresenta, repetidas vezes, os dois destinos distintos que serão dados aos salvos e aos perdidos (Mt 7-13.14: Ap 21.7,8). A salvação é para quem crê e permanece fiel por toda a vida (Ap 2.10). Mas isso não anula a vontade de Deus, que é a salvação de todos os homens, incluindo as autoridades hostis (I Tm 24). Orar nos coloca em sintonia com essa vontade e impede que nosso coração esteja fechado para a nossa missão, que é a pregação do Evangelho a toda criatura (Mc 16.15).
3- Unidade em Deus. O propósito da oração individual e congregacional é que sejamos agentes efetivos do plano de Deus de “tornar a congregar em Cristo todas as coisas” (Ef 1.9,10). Paulo diz isso quando escreve: “Porque, há um só Deus é um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem (I Tm 2.5). Nada, absolutamente, nada, pode nos afastar desse propósito eterno, prejudicando nossa pregação comportamental e verbal, que encontra grande eficácia quando expressamos unidade como Corpo de Cristo (Jo 17.21-23). As intrigas e divisões entre os que professam o nome de Cristo causam grandes prejuízos espirituais e comprometem o progresso do Evangelho.
CONCLUSÃO
Paulo conclui sua instrução com uma recomendação que abrange a atuação pública: “Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda” (I Tm 2.8), Esta é. portanto, a grande ação que se espera da Igreja, do recôndito de nosso coração à expressão congregacional e pública. Foi assim que a Igreja sempre cresceu. Nem a tirania romana deteve o avanço da fé cristã.
Postado por: Pr. Ademilson Braga
Fonte: Editora CPAD